Mas que direito.

Olá! Boas horas pra quem chega, hoje eu estou feliz e não vou ficar falando sobre as minhas depressões, o que definitivamente é qualquer coisa além de um progresso. Entretanto, o fato de eu estar feliz, não quer dizer em nada que eu não esteja disposto a reclamar de alguma coisa, ou comentar de uma forma bem mais crítica do que de costume, até porque é justamente isso que eu vim fazer, além de cumprir o meu horário e bater meu ponto por aqui. Infelizmente, eu tenho três assuntos bem legais e bem distintos pra comentar, e eu vou ser obrigado a escolher um sobre o qual eu tenho matutado um pouco ultimamente. Próximo parágrafo.

Aproveitando que agora nós estamos entrando definitivamente em ritmo de eleições, não custa falar de algo que interessa a todo mundo que vota (e a mim também). Nós vivemos em uma democracia, em tese, e isso significa como já colocariam os textos sobre direito político e filosofia, uma fusão das expressões demos, e kratia, o que viria a ser, do grego: povo e governo, respectivamente. No final das contas, isso dá alguma coisa perto de "governo do povo", como já era de se imaginar. E aí, ao falar do nosso país e dessa tal democracia, não custa muito pra ver que estes dois têm uma relação estranha. O direito ao voto é um dos meios mais eficazes que nós temos (ainda que periodicamente) para colocarmos relevantemente a nossa opinião, e é o que nos dá chance de mudar para algo melhor. Mas a questão é: o voto é direito?

Pra mim, a resposta é não. E de duas formas: me permitindo usar da ambigüidade* da pergunta, eu além de reclamar de uma coisa ruim, reclamo de outra muito pior. A primeira é a seguinte: muita gente não usa o seu voto como deveria. Todo mundo sabe que a coisa mais fácil de se fazer é passar a perna em algum político que queira pagar pelo nosso voto, já que o voto é secreto, mas tem gente que não faz assim. Tem gente que cai nessas armadilhas dos políticos espertalhões, tem gente pra tudo. Mas o pior, e justo o que eu queria comentar nesse post é que o voto nunca foi exatamente um direito, mas sim uma obrigação. E isso é mau? Pode ser. Como tudo, tem seu lado bom e ruim. Pra poder dar um desconto mais tarde, é pelo ruim que eu vou começar.

Quando falam que nós temos o direito do voto, acredito eu que seja apenas uma jogada pra nos fazer acreditar que de fato é um direito, justamente porque não é. E então, num governo que se diz democracia, onde a vontade que vale é a população, a própria população não pode começar escolhendo se quer dar a sua opinião? Já tem, pra quem não sabe, um projeto na câmara dos deputados para que isso seja mudado. O problema é que, pra quem também não sabe, a coisa na câmara dos deputados anda meio devagar. E isso é uma coisa que eu acho que o direito ao voto, e eu falo agora de direito de verdade, pode resolver. Muitos que são a favor do voto obrigatório alegam que isso é uma forma, ainda que forçada, de fazer o povo participar mais, se interessar mais, fazer mais. Muitos, e eu já sou dessa outra opinião, acham que essa é justamente uma forma de desinteressar. Cobrar das pessoas que deixem lá numa urna a sua vontade, sob perigo de pagarem multas e ficarem sem votar em pleitos seguintes se não aparecerem, é uma forma de desanimar as pessoas, e além disso, é uma forma de estragar a participação delas, deixando votos só por que têm que deixar, sem ao menos refletirem se é o candidato certo pra colocar lá a trabalhar.

Pois vejam se não é muito melhor dar o voto como um direito, pras pessoas votarem se quiserem, pra ser coisa só de quem leva isso realmente a sério, que reflete, que discute, que pensa bem direitinho e que valoriza o seu voto como deve. Pois isso não faria as pessoas, cada vez mais, se politizarem e se interessarem por tudo isso? Se eu puder dar a minha opinião, isso só daria mais vontade às pessoas de saírem atrás dos seus candidatos e investigarem, cobrarem e reclamarem pela qualidade da representação. Claro que eu deveria entrar em questões bem mais fortes sobre educação e conscientização, mas pra mim, lutar pelo voto obrigatório é coisa de quem está satisfeito com o que tem, e que não se preocupa com a obrigação de deixar o seu voto, sabendo que pouco vai mudar. Pra mim, quem vai contra o direito de voto é quem tem medo do que podem cobrar, medo de ter trabalhar, medo de não sair ileso. E cá entre nós, político que tem medo de pressão, na minha terra só tem um motivo, e é rabo-preso.

Bem, o final foi meio abrupto, eu sei, mas é que eu estou pregado e apesar das possibilidades que eu tenho sobre esse assunto, eu sinceramente não estou conseguindo pensar. Pra manter a minha série sobre "reeducação musical mundial" hoje eu acho que posso deixar alguma coisa bem contente, combinar com meu humor. Minha coleção de bandas estranhas hoje deixa passar um grupo musical tupiniquim, grupo teoricamente vocal, de MPB, mas que é pra mim muito mais do que isso. O Boca Livre pra mim é uma das melhores combinações de vozes afinadas e melodias bem pensadas que já passou pela história musical do Brasil. Eu sei, eu estou realmente puxando o saco deles, mas o trabalho deles é definitivamente algo que me fascina, é algo que não se vê mais. Por isso, a música de hoje é do Boca livre - Quem Tem A Viola. Com um toque muito interessante de viola caipira, essa música é algo muito perto do jeca, mas vai muito além do que esse comentário infeliz pode despertar. Muito bom, muito bom.

Essa semana não tenho nada muito específico pra recomendar no que tange às letras. De qualquer forma, seja bem vindo a um mundo fantástico quem quiser Julio Verne explorar. Deixar-se levar por expedições incríveis, fugir dos dinossauros no centro da Terra e viajar dentro de um super submarino pra mim não é perda de tempo. É questão de deixar-se levar.

*Pra quem percebeu aquele asterisco em ambigüidade, isso é só pra justificar. Eu me recuso a desistir do trema, pelo menos por enquanto.

Enfim, tudo de bom pra quem fica, eu penso neste momento seriamente em me deitar. Até uma próxima, beijinhos. E AH! Melhoras pro Marcus, que eu ainda não pude visitar.